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Apologética - Prof. Márcio Ruben

A apologética sempre foi importante em todos os tempos, e hoje também,

especialmente pelo surgimento de inúmeras seitas e religiões que arrastam muitas

pessoas.

Apologética é uma palavra que vem do grego, significa “defesa verbal”; é a defesa

teológica de uma certa religião, no sentido de demonstrar a verdade da própria doutrina,

defendendo-a de teses contrárias. Normalmente quando se fala de apologética, trata-se da

defesa fundamentada da religião cristã. Ela está para a Teologia como a Filosofia está

para as Ciências Humanas. Procura mostrar que a fé pode ser aceita e vivida pelos

argumentos da razão. Esta parte da apologética recebeu o nome da escolástica e foi muito

desenvolvida na Idade Média alta.

A apologética desenvolveu-se, sobretudo no Cristianismo. Ela faz uso dos conceitos

teológicos, usando também os conhecimentos das línguas antigas, da moral, da história, e

também das descobertas da arqueologia, paleontologia e das ciências modernas.

A apologética cristã não é um conjunto de regras fixas e impessoais, mas a explanação

das verdades da fé, reveladas por Deus sob a direção do Espírito Santo.

Podemos dizer que São Paulo foi um dos primeiros apologetas da Igreja ao defender o

cristianismo; inicialmente diante dos judeus que o perseguiam em suas viagens

apostólicas pela região da Turquia de hoje. Mas também Paulo foi um grande defensor da

fé cristã junto aos pagãos, não judeus, nessas mesmas viagens, especialmente em Atenas

e Corinto na Grécia, na Macedônia e em Roma. A teologia é baseada fundamentalmente

nos quatro Evangelhos e nas Cartas de Paulo, além das outras Cartas do Novo

Testamento, usando também o Antigo Testamento.

Diante das perseguições dos imperadores romanos, durante 250 anos, desde Nero (ano

64), até Diocleciano (306), os primeiros Pais da Igreja e os primeiros escritores cristãos,

escreviam livros em defesa da fé. Eram as “apologéticas” que os mártires como Inácio de Antioquia (†107), Justino (†156), Policarpo de Esmirna (†155), Irineu de Lião (†200), além de outros como Aristides de Atenas (†130), Tertuliano (†220),

escreviam para os imperadores romanos. Eusébio de Cesareia (†340), Atanásio

(†373), Hilário de Poitiers (†367), Basílio Magno (†369) e muitos outros Pais

da Igreja, da era chamada Patrística, defenderam a fé cristã.

Nos séculos seguintes foram grande apologetas os doutores: Agostinho (†430),

Jerônimo (†420), João Crisóstomo (†407), João Cassiano (†407), Leão

Magno (†460),  Pedro Crisólogo (†450) e outros.

Os Pais da Igreja, os gigantes da fé, que defenderam a Igreja contra as inúmeras

heresias dos primeiro séculos, desenvolveram profundamente a apologética na defesa

sistematizada da fé cristã, sua origem, credibilidade, autenticidade e superioridade em

relação às demais religiões e cosmovisões.

Na Patrística, chamam-se apologetas alguns Pais da Igreja que, sobretudo nos séculos IIV

se dedicaram a escrever apologias ao Cristianismo, usando inclusive a filosofia grega de

Platão, Aristóteles e outros filósofos gregos, que se mostraram compatíveis com a

revelação cristã. Enfrentavam com coragem e lucidez os filósofos romanos e gregos,

pagãos, como o romano Celso, que criticava severamente o Cristianismo.

O apologeta cristão defende também a moral de Cristo, e argumenta que, sem valores

absolutos, não há razão para lutar por melhorias na sociedade, ou para condenar os atos

de barbaridade. Mas somente a lei de Deus é perene e não pode ser mudada ao saber

das épocas, das ideologias e dos interesses das pessoas. E essa constância mostra a sua

divindade. Somente Aquele que é perfeito pode nos dar uma lei perfeita.

Sem dúvida foi pelo trabalho incansável e corajoso desses apologetas, que o império

romano se tornou cristão a partir do ano 385 com o imperador Teodósio, o Grande.

Algumas imperatrizes gostavam de ouvir esses grandes apologetas. Helena, mãe

do imperador Constantino, se tornou cristã, e seu filho também em 313, proibindo a partir

dai a perseguição aos cristãos. O cristianismo entrou nos palácios dos imperadores por

meio desses apologetas. O objetivo dos escritos aos imperadores romanos, era de

convencê-los do direito de existência legal dos cristãos dentro do Império Romano, o que

era proibido. Os textos apologéticos desses grandes Padres da Igreja foram a base para o

entendimento dos dogmas teológicos e dos conceitos fundamentais usados em teologia.

Dessas apologias surgiu, por exemplo, o Credo Niceno-constantinopolitano, fruto dos

Concílios universais de Nicéia (325) e de Constantinopla I (381), que confirmaram a

divindade de Cristo e do Espírito Santo, tendo em vista as heresias de Ário e de Nestório.

E muitas heresias foram debeladas nos Concílios universais de Constantinopla,

Calcedônia, Éfeso, etc.

Esses Pais mostravam, usando a filosofia, que o cristianismo é a religião mais coerente

com o raciocínio correto. Analisa e explica a existência de Deus, o sentido da vida, a

origem do universo, das coisas e da vida humana, o sentido do sofrimento, a dignidade de

pessoa, inclusive do escravo e da criança não nascida, mostrando que a doutrina bíblica é

um sistema coerente. Mostra que tudo o que começa a existir deve ter uma causa. O

Universo começou a existir. Logo, o Universo tem uma causa e um Criador.

Em todas as épocas podemos dizer que a Igreja teve grandes apologetas, porque sempre

surgiram heresias e religiões combatendo a fé. Então, vamos encontrar na idade média os

grandes defensores da fé, os grandes doutores da Igreja, como Tomás de Aquino,

 Anselmo,  Bernardo,  Domingos de Gusmão, Alberto Magno,

Boaventura, etc.

A apologética sempre foi importante em todos os tempos, e hoje também, especialmente

pelo surgimento de inúmeras seitas e religiões que arrastam muitas pessoas que não

chegam a pedir as “credenciais” dos seus fundadores e das suas doutrinas. A maioria

delas conquistam seus adeptos por métodos sentimentalistas e assistências, sem

fundamentação teológica convincente.

Não é objetivo e nem método da apologética atacar as outras religiões, e nem mesmo

discriminar as pessoas em crenças diversas, mas apenas apresentar os fortes argumentos

da Revelação divina e da razão, em defesa da fé. Trata-se de convencer pela

argumentação e não pela imposição de uma fé.

Hermenêutica - Prof. Márcio Ruben

 

Definição de “hermenêutica”:

a. A origem deste nome deve-se, provavelmente, a Hermes, nome de um deus grego que transmitia e

interpretava as comunicações dos deuses aos homens.

b. Hermenêutica bíblica = a ciência e a arte de interpretação bíblica

• Ciência: Possui regras classificadas num sistema ordenado;

• Arte: A comunicação é flexível, impedindo uma aplicação mecânica e rígida das regras.

A Hermenêutica e Outros Campos de Estudo Bíblico

a. Estudo do Cânon: Processo histórico que visou diferenciar livros que trazem um “selo” de inspiração

divina dos que não trazem.

b. Crítica Textual (Baixa Crítica): Procura definir o fraseado primitivo (original) de um texto. Não temos

os originais, mas muitas cópias deles que variam entre si. Exemplos:

• Quem falou “porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos”, foi Jesus? Conferir em

Mt.20:16: “Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos [porque muitos são

chamados, mas poucos escolhidos].” Este trecho está entre colchetes por não fazer parte dos

melhores manuscritos. Embora, neste caso, não haja risco para a verdade, uma vez que a mesma

fala de Jesus foi registrada de forma inequívoca em Mt. 22:14.

• Em Mt. 18:15 temos: “Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüi-lo entre ti e ele só ...”. E se teu

irmão pecar contra outrem, mas você vir ele pecando? Ele não pecou “contra ti”. Você deve ir

argüi-lo?

A questão é: até que ponto podemos considerar este tipo de texto (entre colchetes) como “Bíblia”,

Palavra de Deus? Porém, para enveredarmos neste caminho é essencial uma sólida base em grego e

hebraico, pelo menos. Apesar da existência de questões como essa dos textos em colchetes, esta área já

está bastante trabalhada. Hoje são totalmente satisfatórias as boas versões (em grego e hebraico) que

temos disponíveis. Devemos, porém, ficar atentos quanto aos problemas de traduções: erros,

interpretações, adições e outras alterações dos originais para as versões em nossas línguas. Com respeito

à crítica textual não motivos para dúvidas, como faz questão de destacar Gilberto Pickering e F. F.

Bruce.

“Creio estar em condições, eu mesmo, de definir pelo menos 99,95% da redação

original, hoje. As dúvidas que restam podemos dirimir a partir de uma

comparação minuciosa de todos os MSS existentes (tarefa ainda por fazer)”

Gilberto Pickering

“As variantes leituras acerca das quais permanece alguma dúvida entre os críticos

textuais do Novo Testamento não afetam nenhuma questão essencial do fato

histórico ou da fé e práticas cristãs”

F. F. Bruce

c. Crítica Histórica (Alta Crítica): Estuda-se a autoria de um livro, data de sua composição, contexto

histórico e autenticidade de seu conteúdo.

d. Exegese: Aplicação dos princípios da hermenêutica para chegar-se a um entendimento correto e claro

do texto.

e. Teologia Bíblica: Tenta mostrar o desenvolvimento do conhecimento teológico através dos tempos de

Antigo e Novo Testamentos.

f. Teologia Sistemática: Organiza o conhecimento teológica de modo lógico no lugar de histórico. Tentar

reunir toda informação sobre determinado tópico (Deus, homem, a vida no além, etc.)

 

A Necessidade da Hermenêutica

Vocabulário - Distinguindo interpretações literais, figurativas e simbólicas. Veja os exemplos:

• Literal: Coroa de ouro na cabeça do rei

• Figurativo: Não me chame de coroa, pois eu sou muito novo.

• Simbólico: “[...] vi uma coroa de 7 pontas que eram 7 nações [...]”

a. As traduções são uma forma (necessária) de interpretação.

A diferença lingüística é um fator importante. Embora muitos interpretem exatamente o

contrário, em Rm.13:14 “carne” não significa “corpo”, mas sim “natureza pecaminosa”. A questão é: o

tradutor deve traduzir literalmente o que encontra (no caso, “carne”) ou ajudar o leitor traduzindo para o

que realmente a palavra quer significar (no caso, “natureza pecaminosa”)? Seja o que for, o tradutor está

envolvido com a interpretação.

b. Nem todos os “significados claros” são igualmente claros para todos os cristãos.

Ex.: As mulheres devem guardar silêncio na igreja (I Co.14:34-35)? Muitos afirmam que este

versículo diz claramente que sim.

c. A natureza dupla, humana e divina, da Bíblia.

A Bíblia é a palavra de Deus dada nas palavras de pessoas na história. Antes de falar a nós, ela

falou a pessoas condicionadas a uma cultura própria daqueles tempos e circunstâncias. Ela foi expressa

no vocabulário e nos padrões de pensamento daquelas pessoas. (Ilustrar com a analogia do observador

de peixes no aquário – ele também está no seu próprio aquário)

Deus, para comunicar Sua Palavra a toda humanidade, usou quase todo tipo de comunicações

disponíveis: A história em narrativa, as genealogias, as crônicas, leis, poesias, provérbios, profecias,

drama, biografias, parábolas, cartas, sermões, etc.. Por exemplo, ao lermos uma “lei”, que é

circunstancial e temporal, como separa-la da “lei moral” que vale em todas circunstâncias?

 



 

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